Peeling
- O que é Peeling?-
- Para que serve o Peeling?
- Se eu fizer "peeling"
minha pele ficará manchada?
O peeling químico consiste na aplicação tópica
de determinadas substâncias químicas capazes de provocar reações que vão desde
de uma leve descamação até
necrose da derme, com remoção da pele em diferentes graus. Isso significa que
haverá descamação e troca da pele, atuando no tratamento de manchas, acne e
envelhecimento cutâneo.
Quando bem indicado o peeling pode promover resultados excepcionais,
principalmente no fotoenvelhecimento. O peeling é realizado, preferencialmente, no
inverno, para que o excesso de sol não atrapalhe a recuperação da pele.
Os peelings,
pela capacidade de trocar a pele, são utilizados para o tratamento de algumas
alterações, como: manchas de sol, do melasma e acne.
Ele também é capaz de melhorar as cicatrizes e o envelhecimento da pele, pois renova
as células, melhorando a flacidez e rugas.
Os peelings químicos também podem ser feitos no
corpo, como: pescoço, colo, braço e mãos, respeitando as restrições e
características de cada local. A pele do corpo tem maior dificuldade na
cicatrização e podem ocorrer mais complicações. Os peelings são classificados, conforme a sua
capacidade de penetração superficial,
médio e profundo. Esse critério, porém, não é absoluto, pois o mesmo agente e
concentração poderão ser superficiais para uma pele grossa, sem preparo, e
médio para uma pele mais fina, muito preparada.
Peeling superficial
Age na epiderme, que é a
camada mais superficial da pele e não apresenta grandes problemas após sua
aplicação. Pode ser realizado com as seguintes substâncias:
Ácido retinóico
Ácido glicólico
Ácido
tricloroacético
Ácido
salicílico
Pasta de
resorcina
Peeling médio
Provoca destruição dos
tecidos, removendo parcial ou totalmente a epiderme, atingindo o nível da derme
papilar. Apresenta poucos riscos e complicações. Pode ser realizado com os
seguintes ativos:
Ácido
glicólico 40 a 70% (2 a 20 minutos)
Ácido
tricloroacético 35% + Solução de Jessner
Ácido
tricloroacético 35% + Ácido glicólico
Ácido pirúvico
60 a 90%
Peeling profundo
Destrói totalmente a
epiderme e sua profundidade atinge até o nível da derme reticular. Apresenta
riscos maiores de complicações, como hipocromias (manchas claras), hipercromias
(manchas escuras), cicatrizes. Pode ser realizado com:
Ácido
tricloroacético 50%
Fenol (fórmula
de Baker).
A indicação é a questão
mais importante na realização do peeling químico e cabe ao médico, com sua
experiência, analisar o tipo de pele, o tipo de lesão e o procedimento a ser
utilizado. A pele do rosto, devido à presença maior de folículos sebáceos, se
regenera facilmente, pois esses folículos agem como unidades de reserva
importante essencial para a cicatrização.
O paciente, por sua vez,
deve entender o processo, conhecer seus passos, limitações, duração da
recuperação e ter uma expectativa real do resultado esperado.
Os pacientes de pele
clara (louros, morenos-claro) são os que tem menor risco de hiperpigmentação ou
hipopigmentação, mas as de pele morena também podem ser submetidas a esses
procedimentos, porém o preparo da pele deve ser mais longo e os cuidados
posteriores maiores.
Preparo da pele
É um período que pode
ser de alguns dias a semanas antes do peeling, reservado
à preparação da pele, incluindo hidratação, fotoproteção, eliminação de manchas
preexistentes e diminuição suave da espessura da camada córnea, que é
conseguida com a aplicação de cremes à base de ácido retinóico e hidroquinona.
O ácido retinóico melhora a capacidade de cicatrização, pois aumenta a
proliferação de queratinócitos, provoca angiogênese e neocolagênese
(proliferação de vasos e colágeno, respectivamente). A hidroquinona dimimui a
capacidade responsiva dos melanócitos, sendo essencial para evitar a
hiperpigmentação pós-inflamatória (manchas escuras).
Todo paciente, mesmo sem
história prévia de infecção pelo vírus do herpes, deve ser medicado com
antivirais antes da realização de peelings médios ou profundos, que deve ser
continuado por dez dias após o procedimento. Isso é necessário devido à grande
agressão a qual a pele é exposta, facilitando a
Os peelings superficiais, em geral, são realizados
com intervalos que variam de uma semana a 15 dias, numa série de 5 a 6 peelings.
Eles são aplicados no rosto limpo e desengordurado, e o tempo de permanência
depende do tipo de peeling aplicado. Sua indicação é para rugas
muito suaves, manchas superficiais da pele, acne leve e fotoenvelhecimento
leve. A seguir, uma descrição dos peelings superficiais mais utilizados:
Ácido retinóico (3 a 5%):
retinóide, derivado da vitamina A, causa proliferação epidérmica e
neocolagênese. Tem aspecto amarelado, sua aplicação deve ser homogênea em todo
o rosto e permanecer por 6 a 12 horas, quando deve ser lavado.
Ácido glicólico:
alfa hidroxiácido, utilizado na concentração de 40 a 70% com efeito
epidermolítico. É tempo variado, devendo permanecer na face em média por 5
minutos. Após esse tempo deve ser neutralizado com água ou substâncias como
bicarbonato de sódio, e em seguida lavado.
Ácido tricloroacético: peeling superficial, utilizado 10 a 30%; médio
30 a 40%; profundo 50%. É o agente mais utilizado para peelings e pode ser usado em associações com
outros agentes. Após sua aplicação, ocorre um "frost" (branqueamento)
na face, devido à coagulação intensa das proteínas e, quanto mais intenso,
maior penetração. Não precisa ser neutralizado, mas devem ser feitas compressas
calmantes durante o procedimento, a fim de aliviar o ardor que causa. Após o peeling,
forma-se uma crosta aderente que se solta em média após uma semana.
Ácido salicílico (20 a
30%): agente queratolítico, com aspecto claro transparente e
homogêneo. Provoca um ardor intenso nos primeiros 2-3 minutos da aplicação, que
corresponde à precipitação dos sais; após a precipitação a dor diminui e não há
mais penetração. O produto não é neutralizado, devendo ser lavado. Pode ser
realizado semanalmente, e é especialmente indicado para peles oleosas e
acnéicas. Não deve ser realizado em pacientes alérgicos ao ácido
acetilsalicílico.
Solução de Jessner:
solução alcoólica que mistura um alfahidroxiácido (ácido lático) resorcinol
(derivado do fenol) e ácido salicílico. Apresenta coloração clara, com cheiro
característico. Sua aplicação provoca discreto avermelhamento e ardor, e com
várias passadas o eritema torna-se intenso, podendo chegar a um
"frost" verdadeiro. Proporciona leve descamação nos dias subseqüentes
ao peeling. Também devem ser evitados
pelos alérgicos ao ácido acetilsalicílico.
Pasta de resorcina:
manipulada, cujo principal ativo é a resorcina (derivada do fenol). Tem
consistência pastosa com presença de grânulos e coloração de areia. O produto é
aplicado com espátula, de forma homogênea em todo o rosto, devendo permanecer
de 5 a 20 minutos. Pode ocorrer um leve ardor e sensação de formigamento,
quando então a pasta deve ser retirada e o rosto lavado. Posteriormente, a face
poderá apresentar um discreto eritema e descamação fina.
Os peelings médios, em geral, são aplicados uma
única vez, mas podem ser repetidos mensal, bi ou trimensalmente. Logo após sua
aplicação, ocorre um branqueamento da pele, seguido por um eritema, que de 24 a
48 horas é substituído por escurecimento rosado da pele, de duração variável
(média de uma semana). A indicação desse peeling é para a pele fotoenvelhecida,
melhorando rugas e sulcos suaves a moderados, para cicatrizes superficiais,
queratoses actínicas e alguns casos de hiperpigmentação. O peeling médio mais utilizado é o de ácido
tricloroacético 35% em associação com Solução de Jessner.
O peeling profundo mais utilizado é o de fenol.
O paciente deve ser submetido a uma sedação leve e, após limpeza e
desengorduramento da pele, inicia-se a aplicação da solução, que é realizada
por áreas: região frontal (testa), em seguida região infraorbitária (ao redor
dos olhos), região malar (bochechas) e, por último, a região perioral e
mentoniana (queixo), com intervalo de 20 minutos entre as aplicações. Logo após
a aplicação, em decorrência da coagulação das proteínas, a pele torna-se branca
(frost),
e é acompanhada por ardor (que varia de leve a intenso). A seguir, coloca-se
uma máscara de esparadrapo que permanece por 48 horas. A aplicação é dolorosa,
devendo o paciente receber analgésicos e antiinflamatórios durante as primeiras
12 horas após opeeling.
A maior indicação desse processo é para o envelhecimento severo da pele e para
cicatrizes de acne.
Complicações
A realização do peeling químico está sujeita a complicações,
que tendem a aumentar conforme aumenta sua penetração e profundidade. As
principais complicações são: eritema, hiper ou hipopigmentação, cicatriz,
infecção, prurido e dor. O eritema sempre ocorre no pós-operatório dos peelings devido a fatores como
vasodilatação e afinamento da pele, sendo, nesses casos, transitórios.
A hiperpigmentação é
decorrente do processo inflamatório causado pela agressão química e ocorre mais
freqüentemente em pacientes com pele morena. Essa complicação deve ser tratada
com clareadores (em geral hidroquinona) e filtro solar.
A cicatriz hipertrófica
é mais freqüente nos peelings profundos, podendo também ocorrer em
locais finos como pálpebra e área de transição da mandíbula. Deve ser tratada
com infiltração de corticóides e uso de placas de silicone.
A hipopigmentação também
é associada a peelings profundos, causada pela destruição de
melanócitos, sendo o tratamento muito difícil nessas situações.
A infecção está
associada com a umidade das crostas e pode ser evitada com o uso de pomadas com
antibióticos. A infecção por herpes simples ocorre em pacientes predispostos,
devido ao afinamento, inflamação e fragilidade da pele. Todos os pacientes
submetidos a peelings médio e profundos devem ser
previamente tratados com um antiviral para evitar essa complicação.
O peeling deve ser indicado e realizado pelo
médico. Somente o especialista é capaz de escolher o melhor produto químico na
concentração adequada e também dominar os efeitos colaterais que possam estar
envolvidos. Mesmo no caso dos peelings superficiais é importante avaliar a
capacidade de resposta e a cicatrização da pele, além das relações custo -
benefício do procedimento em questão.
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